
Hoje levantei com uma vontade imensa de que fosse um feriado, para que eu pudesse rolar mais um pouco na cama, e tirar mais um cochilo; ficar de pijama durante a manhã toda, e depois tomar um banho demorado. Mas era a “segundona braba” e um grande desânimo veio me visitar. O cansaço sobre os ombros está pesando demais...
Comi muito ontem, e por isso, sentia minha barriga estufada, mas tomaria um café da manhã farto sem maiores problemas (com direito a pão com manteiga, café, chocolate, frutas e cereais), mas me limitei a três torradinhas e meio mamão papaya (é preciso manter a forma!).
Do resto tudo igual: correria para se trocar, conferir se está tudo na bolsa, arrumar o cabelo, escovar os dentes e blá, blá, blá... Tirando o fato de que, mesmo fazendo tudo isso de forma “automática”, não consigo parar de pensar um minuto sequer, sobre tudo que eu faço, sobre todo esse mecanismo que está a nossa volta, tentando achar uma brecha para escapar de toda essa correria e mesmice absurda, ou um lugar onde eu pudesse me abrigar de tudo isso, sem regras, restrições, horários e problemas, somente um silêncio absoluto, muito verde, muita água, muita serenidade (Fugere Urbem!), muito tempo para fazer tudo que se gosta, sem ter que pensar nos problemas de amanhã (Carpe Diem!). Descubro então, que acordei um tanto quanto bucólica hoje, um tanto quanto “árcade”!
Isso veio a se confirmar quando, da janela do ônibus, além do vai-e-vem de carros e de pessoas apressadas, além dos outdoors e muros pintados com propagandas e preços, além do cinza do asfalto e dos prédios, consegui reparar em várias árvores plantadas no concreto das calçadas, com frutas e flores, tentando sobreviver a todo esse caos (assim como eu – Inutilia Truncar!).
Só no trajeto de quinze minutos que eu faço a pé, do ponto que eu desço do ônibus até a porta do meu trabalho, passei por três pitangueiras, (ou “pés de pitanga” como diria a minha vó!), carregadas de frutinhas, muitas delas já no chão, por terem amadurecido demais, sem ninguém notar. Numa das pitangueiras eu parei: por um instante me desliguei do tempo e de toda a correria dos carros e pessoas. Me aproximei da árvore, coloquei no chão a sacola que eu levava nas mãos, e apanhei algumas frutinhas. Assim que as experimentei, notei que, mesmo maduras, não estavam tão doces (da mesma forma que eu!)... Talvez por estarem vivendo num ambiente hostil a elas (da mesma forma que eu!)... Ou talvez por se sentirem sós, sem cuidados, presas ao círculo de concreto, deslocadas do que realmente é essencial (da mesma forma que eu!)...
Com o azedume das frutas ainda na língua, iniciei mais uma semana de trabalho... Abri aspas no cotidiano e escrevi essas linhas... E um pouco de paz veio me visitar!
Ah, e lágrimas também...
Mari
05-10-2009