“Precisa-se cuidado ao dar passos grandiosos e mudar certas coisas...” – dizia para si mesma enquanto rolava pela cama, e derrubava o cobertor pela terceira vez.
Depois Alice mudou o pensamento para as fantasias que sempre utilizou para fugir da realidade: muitas vezes imaginou-se como guerreira com armadura em campo de batalha. Outras vezes imaginou-se correndo pela floresta, fugindo de sombras que não identificava, esperando chegar a um beijo doce e apaixonante no final do caminho... alguém que a amasse e a protegesse de todo mal. Também viu-se tantas vezes trancada num castelo de pedra, cercada de livros, lendas, histórias, quadros e objetos antigos... naquele lugar, devaneava e escrevia sobre outras histórias e lendas.
Todos estes “personagens” a faziam pensar se ela em si, seu cotidiano, sua vida, seu entorno, não eram parte dos pensamentos, devaneios e imaginação de algum outro Ser. Sendo assim, ela só seria mais um personagem na cabeça de outro alguém, ainda que se beliscasse para verificar se estava acordada (ainda que desde pequena, sempre sentira lá dentro um wake-up call que fazia parte do que chamava de “sentimentos sem nome”).
Desta forma, no seu íntimo, às vezes pedia para este Ser que algumas coisas fossem diferentes em sua vida. No entanto, ela sempre tomava cuidado ao dar passos grandiosos e mudar certas coisas...
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