sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Sobre corredores

Uma foto estranha, para uma semana extremamente estranha! Não poderia ter sido diferente!

Nunca sabemos ao certo onde vão dar os corredores que nos são apresentados no decorrer da vida... e alguns deles, deixam saudades eternas!!!

No corredor abaixo foi onde surgiram os primeiros textos, poesias, cartas, o amor por Humanas, e o descaso com Exatas! Onde havia o sentimento de que se poderia viver para sempre de versos, música, outonos, amigos e devaneios... Ver a foto abaixo com este corredor vazio traz Saudade & Solidão: Saudade de tudo, tudo mesmo! Solidão por entender no fundo da alma que nada é para sempre, e que nada, além de memórias, nos pertence! 

Há 15 anos a impressão era outra: o corredor era muito maior e se parecia muito mais com um palco, onde dançávamos e cantávamos "The Beatles" cada vez que a música-sinal tocava para que trocássemos de sala! E tantas outras coisas aconteceram neste palco-corredor-passarela onde parte da minha vida aconteceu!

Se eu fechar os olhos, ainda consigo sentir o cheirinho de livros nos armários, sentir os movimentos e passos, e ouvir as conversas e risadas! -Smells like teen spirit!-


Quanto à semana estranha? Nada além do glorioso mundo adulto, que nos enche de decepções, anseios, injustiças e descrenças... E que ainda assim consegue nos surpreender com coisas e sentimentos tão bonitos que não poderíamos nunca imaginar. 

Porque há sempre aqueles que nos salvam! Há sempre aqueles que fazem a diferença! E obrigada por existirem e cruzarem comigo pelos corredores!




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terça-feira, 14 de julho de 2015

Sobre a Modernidade (Líquida ou não!)

Já dizia Bauman que a modernidade está cheia de conexões (ao invés de relações e laços), e estas sofrem de fragilidades: exclusão e edição são coisas extremamente fáceis e praticáveis nos dias atuais - exclui-se o contato que já não lhe serve mais no trabalho, e edita-se a foto antes de publicá-la (porque a imagem tem que ser "leve", "fluida" e condizente com os padrões modernos!).

A liquidez, a leveza, a fluidez... não sustentam a ânsia do ser humano por muito tempo (a insustentável leveza!). Mas vivemos estes três itens dia a dia, cada vez mais, dedicando nossas vidas às frágeis conexões: virtuais, reais, espirituais, ideais... não temos mais a solidez das cartas escritas à mão, do preparo caprichoso e demorado da comida e da mesa, das promessas cumpridas por toda uma vida, da sola do pé sentindo a grama fresca, de esperar dias ou semanas para conseguir ver a foto tirada, das rugas no rosto com o passar do tempo... 

Lembrem-se, tudo pode ser excluído e editado! E nos tornamos escravos das "facilidades" da modernidade sem forma - tão líquida que chega a transbordar na falta de sentido! E como é difícil manter-se flutuando nessa liquidez, sendo levado pelas tendências, padrões, moldes, modelos, convenções, etc., etc., etc. 

Sim, você pode me dizer que não concorda com este conceito de modernidade, ou que talvez a leveza e fluidez em demasia não sejam assim tão ruins. Pode até mesmo tentar me convencer que este é o tempo que estou vivendo, e que tenho que me adaptar à ele... Mas eu insisto em me agarrar a algum destroço em meio à enxurrada, me beliscar às vezes para me manter acordada, me desacelerar para que a artificialidade não ganhe espaço na minha modernidade, líquida ou não!

E líquida ou não, nossa modernidade escorre entre os dedos... e sangra na alma!



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