quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Like Alice - Part XII


Alice sempre acreditou que eram as coisas mais simples que davam sentido a tudo:

-O sobe e desce da patinha do gatinho em seu colo;
-As cartas e bilhetes escritos à mão;
-A criança que escreve o nome pela primeira vez;
-O sentimento intenso de dois olhares que se encontram (e a bochecha vermelha e arrepio no corpo quando isso acontece!);
-Andar descalça e de cara lavada em qualquer lugar, em qualquer hora;
-A fumaça do café saindo da xícara numa manhã fria;
-O toque suave de duas almas que se encontram num abraço;
-A coleção de livros e cadernos antigos já amarelados na estante;
-Notar um olhar distante e profundo em qualquer estranho na rua, e entender que há uma história fascinante por trás disto;
-Sentar na grama para assistir o por do sol (ou o nascer do sol!);
-Inventar para si mesmo um milhão de histórias e destinos em sua cabeça;
-Olhar o céu a noite e dar nomes às estrelas (e saber que elas sempre estarão lá para te relembrar algo);
-Tentar esconder um sorriso ou desviar um olhar para disfarçar o que está no coração;
-Escolher meticulosamente todas as palavras, e ver que a outra pessoa entendeu todas elas, da forma mais bela possível;
-Escrever em algum lugar o trecho preferido do livro que está lendo;
-Tomar chuva e depois um banho quente;
-Ficar de pijama e meia o dia inteiro no domingo;
-Ser surpreendida com qualquer coisinha boba;
-Soluçar com a cena do filme;
-Ouvir música alta. Não! Ouvir música muito alta!
-Errar completamente a receita e criar um prato novo;
-Caminhar de mãos dadas na praia;
-Ler "O Pequeno Príncipe" pela milésima vez, e de novo, e de novo;
-Tirar tudo do lugar para depois arrumar de novo;
-Ganhar um beijo quente e inesperado numa noite de inverno;
-Fogueira + amigos + violão;
-Rir até chorar;
-Chorar até dormir, e no outro dia acordar com a cara toda inchada;
-Respeitar e cultivar qualquer diferença com naturalidade;
-Imaginar que você tem poderes mágicos;
-Imaginar que você pode salvar o mundo;
-Fazer listinhas... tipo esta...

E assim, continuava tentando dar sentido a tudo...



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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Like Alice – Part XI

Alice entendia muito pouco sobre tudo, incluindo ela mesma.

Algumas vezes visualizava sua vida como uma imensa Roda de Samsara (misticamente), ou presa ao mito nietzschiano do eterno retorno (filosoficamente). A diferença entre um e outro já não era tão grande assim, e o que notava é que estava fadada a um eterno círculo do qual não conseguia sair.

Em outras vezes enxergava sua vida como a difícil batalha da borboleta para sair do casulo: era tudo tão dolorido e sufocante, mas um dia conseguiria esticar as asas ao sol e secá-las, até conseguir levantar o voo definitivo, mostrando assim sua mais profunda beleza e força.

“Às vezes temos que escolher o incerto, para podermos encontrar o certo... mas para isso, temos que ter o sutil discernimento das estradas mais bonitas e intensas...”.

No caos latente do seu coração, enxergava muito menos do que queria e sentia muito mais do que podia... e por mais que quisesse, ou se esforçasse, a lágrima já não caía... tinha só o silêncio profundo das noites de inverno (ou como disse o velho mago – “o fôlego que se toma antes do mergulho”).

Para fugir de tudo isso, permitia-se estar vulnerável a qualquer palavra bonita, a um suspiro mais logo, a um olhar distante, e a qualquer pensamento bobo que a fizesse sair de si.

Mas ainda assim, entendia muito pouco sobre tudo, incluindo ela mesma e o próprio coração.


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quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Poeira na estante – Parte III

Tempos (Agosto/2001)

O silêncio sufocante do presente
lembra-me o passado vivenciado,
teu espírito blindado,
meu sentimento abalado,
todo amor lançado,
e todo amor renunciado.
Lembra-me dos dias em que
meus pés descalços corriam,
livres para brincar,
para os sonhos de criança sonhar.
Enquanto os pés corriam,
o tempo criava asas...
E voávamos, sonhávamos,
conhecendo os horizontes,
viajando entre os homens.
Procurando respostas,
por entre as encostas.
E neste instante presente,
sinto a vida em minhas mãos!
Tenho que escolher a direção!
E o tempo está ao meu lado
levando-me ao futuro
que não se vê e não se sabe.
Apenas se sente...
E pressente...



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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Poeira na estante – Parte II

Nublado (27/05/2001)

Sinta o passar das horas:
os olhos que se fecham,
as mãos que escorregam,
sobre a alma tocada.

Veja as letras sobre a cama,
e os talheres sobre a mesa.
Ouça os ruídos lá fora,
e os carros que passam.

Sinta a paz aqui dentro,
e o desejo de viver.
Sinta a espera suave e silenciosa,
capaz de durar uma eternidade.

Nenhum semblante sob as nuvens,
e nenhuma culpa a lamentar.
Não me resta mais nada nesta tarde:
apenas esperar...