segunda-feira, 30 de março de 2009

E o vento levou...


E o Vento Levou...

Um minuto pra pensar
Que a vida leva e tráz
O que eu faço ela desfaz
Pensamentos são como ladrões
Me roubando tempo
Levam minha paz

Pois todo mundo está só
Pra saber o que é bom
O ruim e o tanto faz
Às vezes não quero escolher
E as pessoas vão dizer
Que eu vivo de ilusão

Vou desaparecendo
Mas estou sempre lá
Sei que por um momento
Fujo sem sair do lugar

Um segundo pra esquecer
Tudo que me apraz
E não tenho mais
Pensamentos são como ladrões
Me roubando tempo
Levam minha paz

Pois todo mundo está só
Pra saber o que é bom
O ruim e o tanto faz
Às vezes não quero escolher
E as pessoas vão dizer
Que eu vivo de ilusão


-Pato Fu-

quarta-feira, 25 de março de 2009

O Livro dos Dias


O Livro dos Dias
Ausente o encanto antes cultivado
Percebo o mecanismo indiferente
Que teima em resgatar sem confiança
A essência do delito então sagrado
Meu coração não quer deixar
Meu corpo descansar
E teu desejo inverso é velho amigo
Já que o tenho sempre a meu lado
Hoje então aceitas pelo nome
O que perfeito entregas mas é tarde
Só daria certo aos dois que tentam
Se ainda embriagado pela fome
Exatos teu perdão e tua idade
O indulto a ti tomasse como bênção
Não esconda tristeza de mim
Todos se afastam quando o mundo está errado
Quando o que temos é um catálogo de erros
Quando precisamos de carinho
Força e cuidado
Este é o livro das flores
Este é o livro do destino
Este é o livro de nossos dias
Este é o dia de nossos amores

-Renato Russo-

quinta-feira, 19 de março de 2009

Poema sem A


Poema sem “A”

Senti como poucos
O mundo dos doces sonhos,
E os espectros medonhos
Que existem em mil superstições...
Chorei por muitos verões,
Repisei mundos guerreiros,
Revisitei meus velhos museus,
Que, por conter projetos idos,
Vertem gritos de dor
De tempos doloridos...
Deixei que meus sonhos se desfizessem,
Como se pudesse o sol existir
Em flores que em luz fenecem...
Errei por muitos penedos,
Gritei por sobre os montes
Todos os meus medos,
E selei os meus segredos
No fundo do sofrido peito...
Enfim, hoje sei
Que no fim desse tormento
No sopro do vento,
Terei,
Meu momento de sorrir,
Meu momento de sentir,
E refletir,
E rever
Esse meu modo de viver...

-Autor desconhecido-

Poema sem E


Poema sem “E”

Quando amar
Não for mais a minha vida,
Quando o sonhar
Não mais for
A razão última
Da minha caminhada,
Vou buscar
Outros sorrisos,
Noutras plagas...
No caminho da brisa,
No calor noturno,
No raiar do sol,
Nas ondas do mar...
Quando, saudosa
A aflição já não mais habitar
Minha alma,
Quando a calma
Do luar da madrugada
Já não mais
Falar ao coração,
Vou buscar outros risos
Nos paraísos
Ainda por sonhar,
Nos haustos carinhosos
Ainda por aspirar,
No país do amor
Ainda por visitar...


-Autor desconhecido-

Poema sem I


Poema sem “I”

Em tudo e por tudo
Sou como o vento que sopra,
Como a água que brota
Clara, na natureza,
Sou como a leveza
Da pluma,
Flutuando ao sabor da aragem,
Sou a um só tempo,
A saudade e a chegada,
O choro e a recompensa,
A falta e a presença,
O descanso e a jornada.
Sou como a folha dançando
Nos ventos das tempestades,
Sou o regato que murmura,
E em suave correr, jura
As juras de eterno amor...
Sou o afeto e o calor,
Sou o perfume da mata,
O espelho de uma fonte,
Sou o verdejante monte
De onde vertem essas águas...
Sou o lamento de mágoas,
O bradar de uma saudade,
Sou também o alvorecer
De uma nova alvorada,
Sou a esperança velada
Desse novo renascer,
À espera do momento
De reencontrar você...


-Autor desconhecido -

Poema sem O


Poema sem “O”

Vinha eu,
Em alegrias pela vida,
A caminhar,
Entre alegres gargalhadas
E a cantar,
Até que, numa curva qualquer
De minha estrada
Lá estavas tu,
Linda,
A me esperar...
Mas,
Vi lágrimas brilharem,
Vi esperanças tristes,
Vi um caminhar errante,
E vi uma luz esfuziante
Que teu caminhar,
Deixava para trás...
E vi também a calma
Que nessa luz recendia...
E assim caminhavas,
Flutuavas,
Qual frágil avezinha,
E te ver assim,
Deu- me a certeza
De que eu seria teu,
E tu serias minha...
E desde aquele dia
Em nenhum instante,
Deixei nunca de te venerar...
Desde aquele dia
Mergulhei na mágica sublime de te amar...


-Autor desconhecido-

Poema sem U


Poema sem “U”

Olhar a noite encantado,
E contar estrelas,
E sorrir ao vê- las
Sorrindo pra mim,
É te ver assim,
Entre elas,
Sempre a protegê-las,
Eis como são minhas noites,
Noites sem fim...
Sorrir para o infinito
E conter o grito
De alegria...
Ver nascer o dia
Ensolarado e meigo...
Sorrir para a brisa
E sonhar
Mil sonhos acalentados,
Tão esperados,
Tão acorrentados,
Tão enamorados,
Tão febris e ternos...
Ir aos infernos
Apagar as chamas
Desse desespero,
Desse exagero
De amor extremo!
Sentir- te o coração
Sem poder tocá-lo,
Nessa agonia
Desse amor- paixão!

-Autor desconhecido-

terça-feira, 10 de março de 2009

A cura


A Cura


Existirá
Em todo porto tremulará
A velha bandeira da vida

Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança

E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina

Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra

Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir

Desafiando de vez a noção
Na qual se crê
Que o inferno é aqui

Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal
A cura

Existirá
Em todo porto se estiará
A velha bandeira da vida

Acenderá
Todo farol iluminará
Uma ponta de esperança

E se virá
Será quando menos se esperar
Da onde ninguém imagina

Demolirá
Toda certeza vã
Não sobrará
Pedra sobre pedra

Enquanto isso
Não nos custa insistir
Na questão do desejo
Não deixar se extinguir

Desafiando de vez a noção
Na qual se crê
Que o inferno é aqui

Existirá
E toda raça então experimentará
Para todo mal
A cura


-Lulu Santos-

quinta-feira, 5 de março de 2009

...


"Se tudo existe é porque sou. Mas por que esse mal estar? É porque não estou vivendo do único modo que existe para cada um de se viver e nem sei qual é. Desconfortável. Não me sinto bem. Não sei o que é que há. Mas alguma coisa está errada e dá mal estar. No entanto estou sendo franca e meu jogo é limpo. Abro o jogo. Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza. O que há então? Só sei que não quero a impostura. Recuso-me. Eu me aprofundei mas não acredito em mim porque meu pensamento é inventado."


-Clarice Lispector-

domingo, 1 de março de 2009

"The Call"


.:*The Call*:.

It started out as a feeling,
(Começou com um sentimento)
which then grew into a hope,
(que então cresceu e se tornou uma esperança)
which then turned into a quiet thought,
(que se tornou então um pensamento silencioso)
which then turned into a quiet word,
(que se tornou então uma palavra silenciosa)
and then that word grew louder and louder
(e então essa palavra cresceu mais e mais ruidosamente)
'til it was a battle cry:
(até se tornar um grito de guerra)

I'll come back when you call me,
(Eu voltarei quando você me chamar)
no need to say goodbye.
(não há porque se despedir)

Just because everything's changing
(Só porque tudo está mudando)
doesn't mean it's never been this way before.
(não significa que nunca foi assim antes)
All you can do is try to know who your friends are
(Tudo que você pode fazer é tentar saber quem seus amigos são)
as you head off to the war.
(enquanto marcha para a guerra)
Pick a star on the dark horizon
(Escolha uma estrela no horizonte escuro)
and follow the light.
(e siga a luz)

You'll come back when it's over,
(Você voltará quando acabar)
no need to say goodbye.
(não há porque se despedir)

Now we're back to the beginning
(Agora nós voltamos ao começo)
It's just a feeling and no one knows yet,
(é simplesmente um sentimento que ninguém conhece ainda)
but just because they can't feel it too
(mas apenas por eles não conseguirem sentí-lo também)
doesn't mean that you have to forget.
(não significa que você tem que esquecer)
Let your memories grow stronger and stronger
(Deixe suas memórias crescerem mais e mais fortes)
'til they're before your eyes.
(até que estejam diante de seus olhos)

You'll come back when they call you,
(Você voltará quando te chamarem)
no need to say goodbye.
(não há porque se despedir)


-Regina Spektor-