segunda-feira, 5 de dezembro de 2011


De todos os tons
De todas as medidas:
Infinitude

De todas as formas
De todas as cores:
Solitude

O amor valioso não é aquele que se recebe:
É o que se desprende...

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Como as mulheres dominaram o mundo

Conversa entre pai e filho, por volta do ano de 2031 sobre como as mulheres dominaram o mundo:

"- Foi assim que tudo aconteceu, meu filho... Elas planejaram o negócio discretamente, para que não notássemos Primeiro elas pediram igualdade entre os sexos. Os homens, bobos, nem deram muita bola para isso na ocasião. Parecia brincadeira.
Pouco a pouco, elas conquistaram cargos estratégicos: Diretoras de Orçamento, Empresárias, Chefes de Gabinete, Gerentes disso ou daquilo.

- E aí, papai?

- Ah, os homens foram muito ingênuos. Enquanto elas conversavam ao telefone durante horas a fio, eles pensavam que o assunto fosse telenovela. Triste engano. De fato, era a rebelião se expandindo nos inocentes intervalos comerciais. "Oi querida!", por exemplo, era a senha que identificava as líderes. "Celulite", eram as células que formavam a organização. Quando queriam se referir aos maridos, diziam "O regime".

- E vocês? Não perceberam nada?

- Ficávamos jogando futebol no clube, despreocupados. E o que é pior: continuávamos a ajudá-las quando pediam. Carregar malas no aeroporto, consertar torneiras, abrir potes de azeitona, ceder a vez nos naufrágios. Essas coisas de homem.

- Aí, veio o golpe mundial?!?

- Sim o golpe. O estopim foi o episódio Hillary-Mônica. Uma farsa. Tudo armado para desmoralizar o homem mais poderoso do mundo. Pegaram-no pelo ponto fraco, coitado. Já lhe contei, né? A esposa e a amante, que na TV posavam de rivais eram, no fundo, cúmplices de uma trama diabólica. Pobre Presidente...

- Como era mesmo o nome dele?

- William, acho. Tinha um apelido, mas esqueci... Desculpe, filho, já faz tanto tempo...

- Tudo bem, papai. Não tem importância. Continue...

- Naquela manhã a Casa Branca apareceu pintada de cor-de-rosa. Era o sinal que as mulheres do mundo inteiro aguardavam. A rebelião tinha sido vitoriosa! Então elas assumiram o poder em todo o planeta. Aquela torre do relógio em Londres chamava-se Big-Ben, e não Big-Betty, como agora... Só os homens disputavam a Copa do Mundo, sabia? Dia de desfile de moda não era feriado. Essa Secretária Geral da ONU era uma simples cantora. Depois trocou o nome, de Madonna para Mandona...

- Pai, conta mais...

- Bem filho... O resto você já sabe: instituíram o Robô "Troca-Pneu" como equipamento obrigatório de todos os carros... A Lei do Já-Prá-Casa, proibindo os homens de tomar cerveja depois do trabalho... E, é claro, a famigerada semana da TPM, uma vez por mês...

- TPM???

- Sim, TPM... A Temporada Provável de Mísseis... E quando elas ficam irritadíssimas e o mundo corre perigo de confronto nuclear...

- Sinto um frio na barriga só de pensar, pai...

- Sssshhh! Escutei barulho de carro chegando. Disfarça e continua picando essas batatas..."

Luis Fernando Verissímo

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"A unicidade do "eu" se esconde exatamente no que o ser humano tem de inimaginável. Só podemos imaginar o que é idêntico em todos os seres, o que lhes é comum. O "eu" individual é o que se distingue do geral, portanto o que não se deixa adivinhar nem calcular antecipadamente, o que precisa ser desvendado, descoberto, conquistado no outro".

-Milan Kundera-

domingo, 17 de julho de 2011


Quem convive comigo de pertinho, conhece um dos meus grandes medos: Enlouquecer – Desvairar – Surtar! Ou como diria minha vó: “Morrer louca”!

Digo isso porque sempre acho que não penso coisas normais, como a grande maioria dos seres. Não que eu não pense nunca sobre coisas normais, mas a maioria não é normal. E eu tenho sérios problemas em conversar sobre coisas normais com pessoas normais – e ainda assim elas costumam gostar de mim. Acho que a maior loucura já começa aí!

Eu não sei conversar sobre novelas, programas de televisão ou “notícias bombásticas de última hora” (leia-se fofocas, sensacionalismo, violência ou desgraça alheia!). Não sei qual é a última cor ou sapato da moda (odeio usar sapatos!). Não sei quem está ficando com quem no meu “círculo social” (como se eu fosse um ser muito sociável!), ou quem está ficando com quem no “mundo das estrelas” (“meu mundo das estrelas” é muito diferente!).

Sou um tanto quanto desligada e não consigo prestar atenção nos carros que passam e nas propagandas dos outdoors, ou observar as roupas e acessórios da cidadã que me parou para pedir informações (quando muito, enxergo as pessoas conhecidas nas ruas).

Meus pensamentos viajam intensamente o tempo todo. Talvez Sandman viva soprando muita areia em meus olhos, e então eu passo os dias e as noites devaneando-e-sonhando-e-pensando infinitas coisas. A minha cabeça é algo parecido com a letra abaixo:

 
Disneylândia

Filho de imigrantes russos casado na Argentina com uma pintora judia, casou-se pela segunda vez com uma princesa africana no México.
Música hindú contrabandeada por ciganos poloneses faz sucesso no interior da Bolívia.
Zebras africanas e cangurus australianos no zoológico de Londres.
Múmias egípcias e artefatos incas no museu de Nova York.
Lanternas japonesas e chicletes americanos nos bazares coreanos de São Paulo.
Imagens de um vulcão nas Filipinas passam na rede de televisão em Moçambique.
Armênios naturalizados no Chile procuram familiares na Etiópia.
Casas pré-fabricadas canadenses feitas com madeira colombiana.
Multinacionais japonesas instalam empresas em Hong-Kong e produzem com matéria prima brasileira para competir no mercado americano.
Literatura grega adaptada para crianças chinesas da comunidade européia.
Relógios suíços falsificados no Paraguai vendidos por camelôs no bairro mexicano de Los Angeles.
Turista francesa fotografada semi-nua com o namorado árabe na baixada fluminense.
Filmes italianos dublados em inglês com legendas em espanhol nos cinemas da Turquia.
Pilhas americanas alimentam eletrodomésticos ingleses na Nova Guiné.
Gasolina árabe alimenta automóveis americanos na África do Sul.
Pizza italiana alimenta italianos na Itália.
Crianças iraquianas fugidas da guerra não obtém visto no consulado americano do Egito para entrarem na Disneylândia.

-Titãs-

E enlouqueço um pouco por dia...

sábado, 2 de julho de 2011


The Endless

Perpétuos são os Sonhos, a Morte
o Delírio/Deleite da alma que ama
os Desejos dos que se apaixonam

Perpétuo é o Desespero
em saber que há um Destino desconhecido
porém já traçado

Perpétua é a capacidade humana da Destruição
infindável

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Personificações humanas eternamente Sem Fim

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Realidade em Releitura - (Recortes)


Sou tão eu de mim!
Não há vida que se pague
e não há amor que não se doe (e doa!).

Pelos caminhos tortos de nossa razão e loucura
vou seguindo e seguindo,
através do desprezo, interesses e amargura,
vou sendo tão eu e vou me desiludindo.

Através de meu passo lento, eu tento e tento,
e já não me resta lamento,
em ser a verdade pura deste cansado coração.

Enquanto isso eles brincam,
você e eu brincamos,
de faz e refaz de conta,
e assim continuamos.

Realidade em releitura
nesta visão que nos tortura
num porto de tempo aberto
onde o horizonte é incerto
...deserto...

-Mari-
(Poema original escrito em Novembro de 2006)

domingo, 26 de junho de 2011


um brinde à vida louca, vida insana
um canto para a insconstância, à penúria
de uma mente sem limites, intransponível
que não pára, não descansa

um amor para viver e um para guardar
um destino para se (des)conhecer e um para (des)consertar
reconhecer um instante puro
derrubar o concreto muro

um badalar de sinos para a noite
e uma noite para se lembrar
um sorriso para o inocente
um acaso que não se pressente

uma brisa para a primavera
um momento que se deseja, se espera
aquela palavra exata, um simples olhar
aquele estranho beijo doce, infinito

um pedido para uma estrela que cai
um despertar para a nova semente
um acordar para o que realmente se sente
uma nuvem para acariciar a alma

nenhum caminho p´ra se voltar
tão pouco um p´ra se chegar
um caminho só p´ra caminhar
e um coração livre... p´ra te guiar

Mari – Jan/2007

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Quando um gato dorme

Por motivos óbvios e compreensíveis, já fazia um tempo que o Kiko não vinha mais se deitar em minha cama, e se aconchegar em meus pés.
No entanto, há exatamente uma semana, numa daquelas sextas-feiras em que você chega em casa desolada, exausta e péssima, e tudo que você quer é apenas um banho quente e quarto escuro, eis que sinto as patinhas a marchar em minhas pernas, logo após trancar a porta, me enfiar debaixo das cobertas, e apagar a luz. É impressionante como gatos são rápidos, inteligentes, esguios, e sabem ser a melhor companhia num momento de angústia. Principalmente se este gato convive com você a mais de dez anos!
No mesmo momento em que ele se aconchegou em minhas pernas, meu coração se acalmou, e lembrei-me que, há não mais que algumas horas, eu havia lido algo exatamente sobre este momento mágico: o instante em que o gato dorme!
Resolvi então reler o artigo “O gato dentro de mim – 36” do francês M. Dupont White (cujos textos são publicados toda sexta-feira no Jornal de Piracicaba), onde os trechos mais especiais são:

“... não há nada que simbolize mais a calma e a visão idílica de um mundo perfeito do que um gato dormindo.”
“... mas o gato ainda está lá, calmo e plácido, para nos lembrar que a harmonia ainda é possível.”
“... quando quero me acalmar e procurar um porto seguro para as atribulações da vida cotidiana eu costumo observar um gato dormindo. Nada traz mais paz e harmonia. O mundo parece fazer uma pausa em seu movimento quando um gato dorme, pois, ao acordar, toda tormenta já terá cessado.”

É interessante notar como seu dia pode terminar exatamente como começou. A leitura matinal da sexta-feira já previa o seu epílogo...

Desde este dia, sempre que possível, o Kiko dribla a visão astuta do Thales, mia diante da porta fechada, e eu, ainda zonza de sono, me levanto para abrí-la, e deixo que ele se enrole no cobertor comigo novamente. Meia hora depois, o menorzinho também mia, quase chorando, também querendo entrar. E desta forma, aprende-se a convivência!
No fim das contas, sempre tenho que acordar e me levantar... Mas daí, “toda tormenta já terá cessado.”

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ainda que eu goste muito mais das perguntas, às vezes as respostas são muito bem vindas!

E quase nunca elas chegam da forma que esperamos: quase sempre são sutis, silenciosas, obscuras... Escondem-se nas entrelinhas-estrelinhas de nosso dia-a-dia!

Por isso sempre é tão difícil encontrá-las: tenho a capacidade absurda de sempre procurar no lugar errado, quando tudo, na maioria das vezes, está debaixo do meu nariz!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Existem tantos sentimentos e pensamentos pulsando aqui dentro neste momento, ansiando por dias de paz. Não é por falta deles que não tenho escrito mais, mas pela necessidade imensa de calar, de silenciar, e de sentir minuciosamente cada onda deste mar revolto aqui dentro... Somente eu, e ninguém mais!

"Amo todos os sonhos que se calam
De corações que sentem e não falam,
Tudo o que é Infinito e pequenino! "

-Florbela Espanca-

sexta-feira, 18 de março de 2011

O Castelo Animado

“O Castelo Animado” (Hauru no Ugoku Shiro // ハウルの動く城 // The Moving Castle), foi outra animação produzida por Miyazaki em 2004. A história é baseada no livro Howl's Moving Castle, da escritora inglesa Diana Wynne Jones, e conta a história de Sophie.


Sophie trabalha na chapelaria de sua família, e acha que seu destino é continuar sempre lá, não tendo maiores ambições para sua vida. Certo dia quando saiu para visitar sua irmã Lettie ela é importunada por alguns oficiais do exército mas é salva por um bonito jovem.


Mas isso atrai a atenção de uma bruxa que lança-lhe um feitiço que transforma-a numa velha. Apavorada com sua nova condição, ela decide sair de casa em busca de um modo de quebrar a maldição, mas não sabe para onde ir.


No caminho, ela liberta o espantalho enfeitiçado Cabeça de Nabo que a ajuda, levando-a até o castelo do mago Howl (que lembra muito as características do personagem Dorian Gray de Oscar Wilde, devido à sua fixação pela beleza). Lá ela encontra o demônio do fogo Calcifer que propõe quebrar seu feitiço desde que ela quebre o contrato que o prende ao mago.


Pela manhã, Sophie descobre que Howl é nada mais, nada menos que o bonito jovem que a ajudou, antes de ter sido transformada, no entanto, ela diz que nunca o havia visto, e que ela poderia ser a nova faxineira do singular castelo de Howl.


A partir daí a história começa a se desenrolar com personagens emblemáticos, guerras, lugares e magias, e Sophie, “envelhecida”, percebe o quanto não havia observado a vida quando era jovem.


O filme é cheio de lindas imagens e frases, e uma das minhas preferidas é: “O coração é um fardo pesado!”.



Imperdível!

terça-feira, 15 de março de 2011

A Viagem de Chihiro

Continuando os posts sobre Hayao Miyazaki, decidi escrever primeiramente sobre “A Viagem de Chihiro” (Sen to Chihiro no kamikakushi // 千と千尋の神隠し // Spirited Away), produzido em 2001. A animação relata a história de Chihiro, uma menina mimada que, por meio de provações, adquire maturidade.


Ganhador do Oscar de Melhor Animação (2003) e do Urso de Ouro do Festival de Berlim (2002), a história de “A Viagem de Chihiro” é cercada de simbologias complexas e criaturas fantásticas, magicamente elaboradas.

Com seus 10 anos, Chihiro se encontra diante de seus “ritos de passagem”, iniciados quando a menina, recusando-se a ficar sozinha na floresta, tem de atravessar um túnel que parece ter vida. Em seguida, ela deve resistir à comida mesmo sentido fome (coisa que seus pais não conseguiram, e acabaram por se transformar em porcos). A seguir, já num mundo de seres sobrenaturais (bruxas, espíritos, deuses) deve se humilhar para pedir um emprego e ainda suportar ser humilhada por ser humana; como empregada, tem que deixar de lado seu nojo e limpar a sujeira dos outros.


Adiante, recusa o ouro que o espírito “Sem Face” lhe oferta, provando que já sabe distinguir o que é essencial para se viver. Além de tudo isto, deve salvar Haku e seus pais, e não deve esquecer seu nome verdadeiro, para não ser plenamente dominada pela bruxa Yubaba.


De prova em prova, a cada estação de sua viagem, Chihiro vai compreendendo que a fronteira entre o bem e o mal não é bem demarcada e que os problemas podem ser revertidos ou pelos menos remediados.


Não restam dúvidas de que a história de Chihiro estonteia e desconcerta, sendo que Miyazaki se apóia na estrutura milenar do mito e vai agregando a ela nuances até alcançar uma narrativa densa, mágica e real ao mesmo tempo.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Miyazaki


Sempre fui bastante curiosa em relação à cultura oriental de forma geral. No entanto, desde minha adolescência, os desenhos, animes e mangás japoneses sempre foram um entretenimento, diversão e fonte de conhecimento à parte (sim, eu estudava mitologia grega e romana, geografia, astronomia e outras coisitas mais para acompanhar os “Cavaleiros do Zodíaco”).

Depois que, digamos, entrei para a “vida adulta”, algumas animações japonesas continuaram a marcar a minha vida: “A Viagem de Chihiro”, “O Castelo Animado”, e mais recentemente, “A Princesa Mononoke”. Todos eles são obras de Hayao Miyazaki (宮崎 駿), um dos mais famosos e respeitados criadores de animes. Seus longas são encantadores, detalhitas, místicos-míticos!

Em plena era da animação digital, de altíssima tecnologia, recursos gráficos e técnicas super avançadas, Hayao ainda mantém o estilo do lápis e papel. Sua obra é brilhante em todos os sentidos, impressionando não apenas pela qualidade visual das animações do Estúdio Ghibli, mas também pela preocupação com a mensagem a ser transmitida.

Alguns elementos são sua marca registrada: a destruição da natureza pelo homem e suas conseqüências, a ausência de um vilão como estamos acostumados nas animações ocidentais, o amadurecimento dos personagens no decorrer do enredo e a reflexão profunda dos valores da humanidade, além de detalhes estéticos e místicos da cultura japonesa.

Só mesmo vendo para entender!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Evellyn


É extremamente estranho olhar para um ser que tem exatos 26 anos a menos que você!

Por um bom tempo minha mente, que tem a inquietude como norte, só conseguia pensar: “Eu já estive nesta mesma condição um dia, mas é incrível que eu não consiga me lembrar de nada!”.

E quando você estiver na mesma condição que me encontro hoje, eu estarei com exatos 52, e então eu vou querer te ver e perguntar: “Como você se sente com seus 26 anos?”

Bem vinda ao mundo!

domingo, 23 de janeiro de 2011

Fall

Embora eu tenha nascido em pleno verão de janeiro, acredito ter maiores características de outono: dentro de mim há a melancolia incansável das folhas secas que se desprendem dos galhos, e caem leve e calmamente até chegarem ao chão...

Heartbreak


Ausência
Esperança
Tristeza
Descaso
Indiferença
Peso
Medo
Distância
Choro
Lembrança
Solidão
Doce
Amargo
Sorriso
Reencontro
Palavras
Silêncio
Chuva
Renascimento
Pensamento
Fragilidade
Aquário
Sonho

Saudade
Saudade
Saudade