segunda-feira, 28 de junho de 2010

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"Já lhe disse que você tem um “que” de meu reflexo... Mas não um reflexo de espelho, onde a imagem é projetada de forma crua, simplista e totalmente física; trata-se de um reflexo tão mais puro e misterioso: é como se eu olhasse para as águas límpidas de um lago... A imagem refletida nas águas é tão mais real que a imagem que se vê no espelho, embora seja menos nítida. Olha-se para elas e a impressão que se tem, é que seu reflexo está muito além da imagem que se vê; está nas profundezas das águas... Olho para o seu rosto e vejo muito além da sua face; sinto o reflexo de meus pensamentos e sentimentos nas profundezas do seu ‘ser’, embora isso seja tão pouco nítido à minha compreensão... E tudo isso não poderia ser mais bonito: meu reflexo nas águas do teu olhar...

É estranho! Encostada em teu peito, ouvindo teu coração, a noite fria que vejo através dos vidros, torna-se noite de verão... Há tanto tempo te vejo e jamais havia imaginado que eu pudesse encontrar abrigo e descanso em ti... E isso me encanta... E isso me lembra Tolkien: “É sempre assim com as coisas que os homens começam; há uma geada na primavera, ou uma praga no verão e suas promessas fracassam. Mas raramente fracassa sua semente. Esta fica na poeira e na ruína, para germinar de novo em tempos e lugares inesperados...”. Eis que estou diante de ti: duas sementes em tempos e lugares inesperados; e haverá geadas, guerras e ruínas... Mas também haverá eu e você, e aquilo que sempre vamos ser... E nossos feitos sobreviverão a nós!"
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Mari - Junho/2006

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