Alice entendia muito pouco sobre tudo, incluindo ela mesma.
Algumas vezes visualizava sua vida como uma imensa Roda de Samsara (misticamente), ou presa ao mito nietzschiano do eterno retorno (filosoficamente). A diferença entre um e outro já não era tão grande assim, e o que notava é que estava fadada a um eterno círculo do qual não conseguia sair.
Em outras vezes enxergava sua vida como a difícil batalha da borboleta para sair do casulo: era tudo tão dolorido e sufocante, mas um dia conseguiria esticar as asas ao sol e secá-las, até conseguir levantar o voo definitivo, mostrando assim sua mais profunda beleza e força.
“Às vezes
temos que escolher o incerto, para podermos encontrar o certo... mas para isso,
temos que ter o sutil discernimento das estradas mais bonitas e intensas...”.
No caos latente do seu coração, enxergava muito
menos do que queria e sentia muito mais do que podia... e por mais que
quisesse, ou se esforçasse, a lágrima já não caía... tinha só o silêncio
profundo das noites de inverno (ou como disse o velho mago – “o fôlego que se toma antes do mergulho”).
Para fugir de tudo isso, permitia-se estar vulnerável
a qualquer palavra bonita, a um suspiro mais logo, a um olhar distante, e a
qualquer pensamento bobo que a fizesse sair de si.
Mas ainda assim, entendia muito pouco sobre tudo,
incluindo ela mesma e o próprio coração.
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Um comentário:
"Às vezes temos que escolher o incerto, para podermos encontrar o certo"
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