sexta-feira, 27 de maio de 2011

Quando um gato dorme

Por motivos óbvios e compreensíveis, já fazia um tempo que o Kiko não vinha mais se deitar em minha cama, e se aconchegar em meus pés.
No entanto, há exatamente uma semana, numa daquelas sextas-feiras em que você chega em casa desolada, exausta e péssima, e tudo que você quer é apenas um banho quente e quarto escuro, eis que sinto as patinhas a marchar em minhas pernas, logo após trancar a porta, me enfiar debaixo das cobertas, e apagar a luz. É impressionante como gatos são rápidos, inteligentes, esguios, e sabem ser a melhor companhia num momento de angústia. Principalmente se este gato convive com você a mais de dez anos!
No mesmo momento em que ele se aconchegou em minhas pernas, meu coração se acalmou, e lembrei-me que, há não mais que algumas horas, eu havia lido algo exatamente sobre este momento mágico: o instante em que o gato dorme!
Resolvi então reler o artigo “O gato dentro de mim – 36” do francês M. Dupont White (cujos textos são publicados toda sexta-feira no Jornal de Piracicaba), onde os trechos mais especiais são:

“... não há nada que simbolize mais a calma e a visão idílica de um mundo perfeito do que um gato dormindo.”
“... mas o gato ainda está lá, calmo e plácido, para nos lembrar que a harmonia ainda é possível.”
“... quando quero me acalmar e procurar um porto seguro para as atribulações da vida cotidiana eu costumo observar um gato dormindo. Nada traz mais paz e harmonia. O mundo parece fazer uma pausa em seu movimento quando um gato dorme, pois, ao acordar, toda tormenta já terá cessado.”

É interessante notar como seu dia pode terminar exatamente como começou. A leitura matinal da sexta-feira já previa o seu epílogo...

Desde este dia, sempre que possível, o Kiko dribla a visão astuta do Thales, mia diante da porta fechada, e eu, ainda zonza de sono, me levanto para abrí-la, e deixo que ele se enrole no cobertor comigo novamente. Meia hora depois, o menorzinho também mia, quase chorando, também querendo entrar. E desta forma, aprende-se a convivência!
No fim das contas, sempre tenho que acordar e me levantar... Mas daí, “toda tormenta já terá cessado.”

Um comentário:

Juliana Ágada de Oliveira Martinatti Rodrigues disse...

Mari, amei o texto. Acho que só quem é apaixonado por bicho, em especial os gatos, sabe como é gostosa essa convivência.
Parabéns pela forma gostosa de contar sua história, você tem um lindo dom, que é a arte da escrita.
Vou, com certeza, passar mais vezes por aqui.
Bjs da amiga Juliana.